Semântica e Ensino
Homonímia
Homônimas são palavras com significados diferentes, mas semelhantes na escrita e na pronúncia.
Segundo os gramáticos, para que uma palavra seja homônima de outra, ela precisa possuir:
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classe gramatical diferente: são (verbo) e são (adjetivo); são (substantivo);
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origem diferente: canto (kanthós – do grego, significando ângulo, extremidade) e canto (cantu – do latim, música vocal).
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Entrada diferente, no dicionário: cabo¹ [do lat. Caput, ‘cabeça’] – Hierarquia militar; Militar que detém a posição hierárquica de cabo; Comandante, chefe, cabeça; Término, fim, limite; Ponta de terra que entra pelo mar; Promontório, ponta. Cabo²: [do lat. capulu, ‘corda’] – Extremidade pela qual se segura um objeto ou instrumento; Rabo, cauda; Feixe de fios metálicos; Ventre; Ânus. Cabo³ - Lugar onde uma pessoa ou coisa cabe ou está. (Dicionário Aurélio)
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Nítida diferença semântica: pena (de ave) e pena (punição); manga (fruta) e manga (de camisa).
Contudo nem sempre as palavras homônimas obedecem a todos esses critérios. A própria palavra são, exemplificada acima, possui a mesma origem latina, nos três significados (santo = sanctu; sadio = sanus e verbo ser = sunt), apesar de obedecer aos 3 (três) outros critérios: classes gramaticais diferentes; entradas no dicionário diferentes e nítida diferença semântica.
Nas salas de aula o que percebemos é o ensino da homonímia com o fim de diferenciação ortográfica. A abordagem gira em torno da seguinte classificação, com algumas variações.
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Homófonas homográficas (homônimos perfeitos): palavras iguais na escrita e na pronúncia (‘são’, ‘manga’ e ‘cabo’, por exemplo).
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Homófonas heterofônicas: palavras iguais na escrita, mas diferentes na pronúncia (colher (verbo) e colher (utensílio - substantivo).
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Homófonas heterográficas: palavras iguais na pronúncia, mas diferentes na escrita (concertar e consertar), por exemplo).
Observe como é difícil para o aluno compreender essa distinção e gravar essa nomenclatura que pretende diferenciar os processos homonímicos. Sem dúvida ela é importante quando do trabalho com a ortografia. Contudo, hoje se sabe que exercícios com palavras isoladas, listando-as, não ajudam na memorização.
Há muitos textos, charges, estórias em quadrinho, propagandas, etc., que nos permitem trabalhar esses conceitos em aulas de Língua Portuguesa, e as palavras homônimas são imediatamente identificadas pelo grupo. Ao mesmo tempo os alunos vão percebendo a relação entre a ortografia e o contexto de uso desses termos. Desse jeito fica muito mais fácil assimilar seus usos.
O estudo da homonímia traz à tona a questão das palavras parônimas: palavras parecidas na escrita e na pronúncia, por exemplo: ‘couro e coro’; ‘osso e ouço’; ‘sede e cede’; ‘comprimento e cumprimento’; dentre outros pares.
No entanto, segundo Celso Cunha, em sua Gramática do Português Contemporâneo (1972, pág. 60), devido à imprecisão do conceito, os parônimos não foram incluídos na Nomenclatura Gramatical Brasileira.
As palavras que se assemelham na forma, sem que tenham qualquer parentesco significativo, são conhecidas geralmente por PARÔNIMOS. Assim: descrição e discrição; inflingir e infringir; intimorato e intemerato, etc. O termo, pela imprecisão do conceito que encerra, não foi incluído na Nomenclatura Gramatical Brasileira.
Portanto, não convém que tratemos os parônimos, pela imprecisão conceitual que carreiam.
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